Uma escola para...
Intencionalidade do projeto
Através da pele, eu escuto, logo eu sinto
Escutar não é o mesmo que ouvir. Segundo Jean-Luc Nancy, escutar é um ato em aberto e de receptividade (pele), que nos permite explorar as várias camadas de sentido que um som pode oferecer, sem preconceitos ou entendimentos prévios. Por outro lado, ouvir é um ato fechado e codificado, onde filtramos o som através dos nossos conhecimentos e expectativas pré-existentes, o que limita a nossa perceção e estabelece formas de sentido (inteligível) e de significado. Esta distinção entre escutar e ouvir é crucial no contexto educacional. Escutar implica estar verdadeiramente aberto ao que os alunos têm a dizer, ao que experimentam e ao que sentem, sem impor imediatamente as nossas próprias interpretações ou julgamentos. É uma prática que favorece a inclusão e a adaptação, permitindo que cada aluno encontre a sua própria voz e caminho na aprendizagem. Já ouvir, enquanto processo mais restrito e interpretativo, pode muitas vezes conduzir a mal-entendidos e a uma falta de empatia, pois estamos a filtrar a comunicação através de uma lente preexistente. Implementar a prática de escutar na educação pode ajudar desenvolver a forma como interagimos com os alunos e como os alunos interagem com o mundo ao seu redor. Escutar, no sentido de Nancy, convida-nos a uma pedagogia mais sensível e atenta, capaz de acolher a diversidade de experiências e perspetivas presentes na sala de aula.